A obra é uma reflexa?o, envolta pelos ideais socialistas, sobre a dura realidade da sociedade angolana, sobre as
perspectivas do movimento de libertac?a?o e da população local em relação aos princípios conflitantes do MPLA. Cada
personagens luta a seu modo por seus ideais de libertação. Em meio a isso, vimos uma Angola despedaçada e sem
unidade. O livro procura retratar esse desfacelamento e critica as lutas de grupos que não se unem por um ideal
comum. A estrutura narrativa polifo?nica (várias vozes), que retrata os acontecimentos sob o ponto de vista de
va?rias personagens em primeira pessoa, revela o profundo respeito a cada homem na sua individualidade e o desejo
do autor de transformar os agentes da revolução em sujeitos da luta. Durante toda a narrativa, ocorre um mesmo
registro lingui?stico, a despeito do abismo existente entre as classes sociais das personagens e as suas origens
culturais, o que reforça a idéia de propor a igualdade entre as pessoas. Além disso, há a tentativa de criar um
ideal nacionalista que une os povos distintos e a MPLA em oposição ao colonialismo. Ao retratar a luta de tribos
em busca da libertação de seu país, Mayombe pode ser comparada ao romance indianista Iracema, de José de Alencar.
Ambas apresentam conflitos entre tribos e a tentativa de se isolar do colonialismo português.
Publicado originalmente em 1980, Mayombe foi escrito durante a participação do escritor angolano Artur Carlos
Maurício Pestana dos Santos (Pepetela) na guerra de libertação de Angola na década de 70. Recompõe o cotidiano dos
guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em luta contra as tropas portuguesas.
O romance, inovador, aborda as ações, os sentimentos e as reflexões do grupo, e as contradições e os conflitos que
permeavam as relações daqueles que buscavam construir uma nova Angola, livre da colonização.